Resumen
O modelo regional BRAMS (Brazilian Regional Atmospheric Modeling System) acoplado ao esquema de vegetação dinâmica General Energy and Mass Transport Model (GEMTM) e cenários de usos da terra na Amazônia e de aumento na concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera produzidos a partir das simulações climáticas do Modelo de Circulação Geral Community Climate System Model (CCSM3), do National Center for Atmospheric Research (NCAR), são utilizados para avaliar os impactos no ciclo hidrológico da bacia amazônica. A projeção de desflorestamento para o ano de 2050 e cenário de emissão dos gases do efeito estufa (A2) afetam de forma significativa os balanços de energia e de água, a estrutura dinâmica da atmosfera e, consequentemente, a convergência de umidade e massa na bacia. As mudanças são mais intensas na simulação que existe o efeito combinando do desflorestamento e aumento dos gases do efeito estufa. No cenário de desflorestamento, o mecanismo de retroalimentação positivo é estabelecido, no qual as alterações na circulação regional reduziram a convergência de umidade e a precipitação na região. Nos cenários de aumento dos gases do efeito estufa, sem e com desflorestamento, o mecanismo de retroalimentação é negativo (positivo) na estação úmida (seca), no qual as mudanças na circulação regional também conduziram a redução na precipitação. Os resultados indicam que a rápida destruição da floresta e as mudanças no clima regional decorrente de ações antropogênicas podem tornar-se um processo irreversível, e que as mudanças no ciclo hidrológico e as perturbações na complexa relação solo-planta-atmosfera podem desencadear alterações significativas nos ecossistemas naturais da Amazônia, já que os mesmos não apresentam grande capacidade de adaptação à magnitude das mudanças no clima.