Resumen
A mineração tem se destacado em razão da diversidade e abundância de produtos que podem ser explorados dos ambientes naturais. Entretanto, esta atividade está fortemente associada a cenários de degradação ambiental e conflitos sociais. Em Ourém, município do nordeste paraense, a lavra de agregados para construção civil (areia, argila e seixo) é uma prática que já vem acontecendo há alguns anos. Diante disto, a presente pesquisa analisa a percepção ambiental de moradores atingidos direta ou indiretamente por atividade mineradora do referido município. A coleta de dados ocorreu com 154 residentes, utilizando: formulários estruturados; observação participante; conversas informais; entrevistas semiestruturadas e registros fotográficos. Os resultados mostram que os indivíduos estão mais preocupados com os problemas relacionados à segurança e ao emprego, em detrimento dos danos causados ao meio ambiente, inclusive com a mineração. Estatisticamente, as pessoas mais preocupadas com os agravos ambientais são os moradores com idade mais avançada, que residem há mais de 31 anos no município e possuem ocupação fixa. Sobre o trabalho das mineradoras, a população evidencia em proporção bem maior os impactos socioambientais negativos do que os positivos. Todavia, as pessoas demonstraram estar habituadas com os efeitos prejudicais da mineração e pouco se mobilizam para solicitar reparação de danos e contrapartidas sociais. As informações obtidas a partir dessas investigações são de suma importância como um registro de evidência científica disponível para a população e suas lideranças, tendo potencial de contribuir na articulação entre poder público e sociedade civil, bem como na elaboração de políticas públicas com base em projetos de diagnóstico ambiental que reflitam a visão dos diferentes atores envolvidos.