Resumen
Entender o comportamento das emissões atmosféricas de gases traço, como o monóxido de carbono (CO), é extremamente importante para uma eficiente gestão ambiental no estado do Pará. A estação seca de 2010 foi caracterizada por baixas taxas de precipitação pluviométrica, especialmente em agosto e setembro quando foram registradas as menores chuvas. Durante este período, centenas focos de incêndios foram identificados, cuja quantidade aumentou à medida que a seca se intensificou. As simulações de CO mostraram que as emissões deste poluente, após serem enviadas para a atmosfera, foram submetidas às ações dos ventos horizontais e ao processo de turbulência vertical (condições de convecção local), atingindo outras regiões e altos níveis de altitude, abrangendo assim dimensões continentais. As simulações destacaram também as mesorregiões Nordeste, Sudeste e Sudoeste no estado do Pará com as maiores concentrações de CO, acarretando deterioração da qualidade do ar local, chegando a ultrapassar os padrões legais permitidos pela legislação ambiental brasileira, durante todo o período estudado. O perfil econômico do Estado, basicamente extrativista, com predominância dos setores agropecuário e florestal, que se caracterizam pelo desmatamento e queima da biomassa vegetal, bem como as atividades industriais, com o uso de combustíveis fósseis em seus processos produtivos, explicaram, em parte, a qualidade do ar das mesorregiões destacadas. Outra característica importante, que também possui forte responsabilidade na dispersão do CO, é o relevo do Estado, com predominância de terrenos com cotas topográficas modestas, e uma extensa planície sedimentar. Isto possibilitou uma significativa movimentação de poluentes atmosféricos vindos de outros Estados, e da entrada de massa de ar do oceano para o continente, trazendo elevadas concentrações de poluentes para a região e transportando-os para o oeste.