Resumen
O sistema capitalista, atual modelo de organização social hegemônico, além de estar vinculado a um ?desenvolvimento? baseado na constituição de desigualdades sociais, lançou a sociedade numa forte crise ambiental. A partir da ecologia política, assumimos a premissa que tal crise não é ambiental, mas sim social com desdobramentos na natureza, com o modelo de produção capitalista em seu cerne. Dessa forma, apresentamos neste artigo resultados de uma pesquisa que objetivou descrever e analisar a organização socioeconômica de comunidades tradicionais inseridas na Reserva Extrativista Terra Grande-Pracuúba, bem como suas relações ambientais. Nessa trajetória, partindo-se de uma abordagem psicossocial e qualitativa, foram adotadas as técnicas ?observação participante? e ?entrevistas centradas? (focused interview). Para a análise dos dados utilizou-se a técnica ?análise de conteúdo?, tendo como ferramenta de suporte o Atlas TI. Foi possível constatar que os grupos sociais analisados exercem suas práticas econômicas - seu trabalho - de maneira espacialmente integrada às demais práticas materiais e imateriais necessárias à sua reprodução social. Tal integração favorece a manutenção ecossistêmica de seus territórios, especialmente diante da alta mobilidade do capital. Frente às possibilidades de avanço deste modelo ambientalmente predatório sobre territórios conservados, fomentar práticas produtivas tradicionais, para além de favorecer a autonomia socioeconômica e política desses povos, tende a potencializar a conservação dos ecossistemas.