Resumen
A bacia hidrográfica do rio Machadinho é um exemplo de ocupação desordenada presente na região amazônica, na qual foram desmatadas grandes áreas com consequente conversão da floresta em pastagens e em núcleos urbanos. O presente trabalho tem o objetivo de analisar os impactos na hidrologia (vazão, precipitação e evapotranspiração) da bacia do rio Machadinho diante de sua dinâmica de ocupação antrópica. Primeiramente, analisaram-se mudanças na cobertura da terra usando imagens do sensor Landsat 5-TM para os anos 1984, 1997 e 2011. A variável vazão foi avaliada quanto a sua sensibilidade mediante o emprego do modelo SWAT para determinar a descarga líquida fixando-se os padrões climáticos e variando-se os cenários históricos de cobertura da terra. A precipitação, obtida por meio de dados do CHIRPS para o período de 1981 a 2017, e a evapotranspiração, estimada via dados do SSEBop entre os anos de 2002 a 2017, foram tratadas como variáveis geoespaciais distribuídas na bacia, com tendências de comportamento de suas séries históricas aferidas por meio do teste Mann-Kendal. Os resultados obtidos mostraram que a ocupação da bacia deu-se de maneira desordenada, cuja área com pastagem passou de 2,6% no ano de 1984 para 45,9% no ano de 2011, sendo a maior conversão observada na nascente do corpo hídrico principal, o que evidenciou uma maior produção de vazão pelo modelo SWAT, que adequadamente captou a variação dessa variável. Adicionalmente, observou-se tendência de redução pluviométrica nos meses mais chuvosos, enquanto detectou-se elevação da evapotranspiração nos meses mais quentes. Nesse sentido, é importante ressaltar que o desmatamento da região tende a reduzir a disponibilidade hídrica para a bacia.