Resumen
A construção de estradas na Amazônia é frequentemente percebida como tendo impactos mecânicos e irreversíveis de colonização, deflorestação e de degradação ecológica e cultural. Este artigo apresenta um caso de estudo que questiona esta visão. Mostra que, no local do estudo-Pilón Lajas (Bolívia)-, a estrada unicamente adquire irreversilidade no âmbito da disputa entre quadros cognitivos e políticos ligados à ideia de sua construção e quadros opostos vinculados à ideia da conservação e da autonomia indígena que se apropriam dela a partir das interações que suscita entre estes atores, os quais utilizam tais programas para legitimar suas pretensões. O impacto das estradas (agency) apenas se dá em função das relações mútuas que os atores constróem para estabilizar seus usos. Os povos indígenas, divididos entre a diluição na interculturalidade e a submissão na conservação, estão tentando conciliar autonomia e desenvolvimento por entre as brechas dos dispositivos de gestão.