Resumen
No município de Biguaçu, Estado de Santa Catarina, Sul do Brasil, agricultores familiares praticam um tipo de uso da terra singular, em que agricultura, florestas e produção de energia estão relacionados. Esses agricultores praticam regularmente agricultura de pousio em áreas de florestas subtropicais secundárias (Bioma Mata Atlântica), associada à produção de energia na forma de carvão vegetal. Temos como objetivo avaliar a sustentabilidade dos meios de vida de famílias de agricultores, por meio da análise do acesso a ativos ou capitais, categorizados como: naturais, humanos, financeiros, sociais, físicos e culturais, conforme a abordagem dos meios de vida sustentáveis. O trabalho de campo envolveu diversas técnicas da abordagem etnográfica, com membros de cinco famílias da comunidade de Três Riachos, no período de 2012 a 2014. Quanto ao capital natural, concluiu-se que este ativo é advindo da própria propriedade da família, sendo ainda um recurso renovável. Quanto aos capitais humano, físico e financeiro, verifica-se que, na prática desse sistema de produção, há trabalho excessivo e muitas vezes insalubre, utilizando-se tecnologias e infraestruturas precárias. No capital social, ressaltam-se as relações de confiança e reciprocidade existentes entre os agricultores e entre atores externos. Aliado a esse ativo, está o capital cultural, destacando-se características de reciprocidade com agentes externos, sobretudo seus clientes. Para a promoção da sustentabilidade dos meios de vida, é indispensável facilitar o acesso pleno a esses capitais, ou reforçar o acesso àqueles ativos já estabelecidos, como no caso do capital cultural. Dessa forma, conclui-se que os meios de vida analisados possuem potencial para serem sustentáveis.