Resumen
Este trabalho tem por objetivo analisar formas alternativas de organização do trabalho na "agricultura camponesa" em oposição à agricultura produtivista dominante. Tendo como referência camponeses organizados no Oeste de França, o texto mostra como a partir do desenvolvimento da agricultura ecológica - sustentável - os agricultores, através de suas atividades, passam a dar sentido às suas vidas. A noção moderna de trabalho é contemporânea ao desenvolvimento do capitalismo industrial. O trabalho produtor de utilidade toma-se, assim, o centro da atividade econômica, atividade esta sobre a qual Adam Smith é um dos primeiros a construir uma teoria unificada. Desde que começa a se generalizar esta forma de trabalho, sobretudo nas sociedades onde o tempo compensado com salário se toma um dos maioresrecursos da população, instaura-se por muito tempo (ou a partir de então) uma visão depreciativa do trabalho camponês. O arquétipo do trabalhador se toma o operário de usina e as atividades camponesas passam a ser vistas como o resíduo de uma forma arcaica do trabalho, estimulando-se o seu desaparecimento. Gostaríamos de propor uma outra forma de ver a questão a partir de alguns elementos de reflexão teórica, e dos primeiros resultados de uma enquête em andamento sobre a emergência no mundo agrícolade novas formas de organização do trabalho. Estas últimas contradizem as formas e as visões clássicas do trabalho camponês. Nossa hipótese é que elas prevêem a emergência de novas formas desalienadas do trabalho. Na realidade, em oposição aos agricultores "produtivistas" que, na maior parte, passam seu tempo "a ganhar sua vida", os agricultores "sustentáveis", objeto deste estudo, criam novas formas deatividade agrícola, que dão sentido a eles mesmos, em resposta às crises múltiplas do modelo produtivista dominante.