Resumen
A ocorrência de grandes incêndios florestais em Unidades de Conservação no Brasil pode ser considerada uma grave ameaça para a conservação da biodiversidade e manutenção de processos ecológicos. A propensão ao fogo no Parque Nacional da Serra da Canastra (PNSC), localizado no sul de Minas Gerais, caracterizado pela predominância de vegetação de campos nativos, juntamente com uma cultura de centenas de anos de utilização incorreta de queimadas para manejo agropecuário na região, têm ocasionado incêndios de difícil controle. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar as ocorrências de incêndios florestais no Parque Nacional da Serra da Canastra e fornecer subsídios para redução desses índices. Consideramos que esta avaliação deve ter a conservação da biodiversidade como elemento principal de discussão sobre a melhor forma de manejo de fogo para a Unidade de Conservação. A coleta de dados foi feita através da avaliação dos relatórios de ocorrência de incêndios florestais disponíveis na Unidade no período de 1987 a 2001 e visitas de campo. Os resultados mostraram que a maior parte das causas de incêndios no Parque Nacional da Serra da Canastra (50%) é de origem humana, apesar do grande número de incêndios causados por raios (44%). Entre as causas humanas, a maior parte é criminosa, originada por incendiários (47%). Há uma elevada concentração de incêndios causados por raios na estação chuvosa e transição seca-chuva e uma concentração de incêndios de causa humana durante a estação seca, principalmente entre junho e outubro. No entanto, os incêndios de raio normalmente queimam pequenas áreas (menores de 500 ha), enquanto que os de causa humana são mais catastróficos, atingindo áreas maiores. Para a redução dos incêndios florestais no interior do Parque, é fundamental o controle do fogo através de ações de prevenção, pouco disseminadas na região, principalmente através de educação ambiental e isolamento de combustíveis (aceiros).