Resumen
O Nordeste brasileiro, principalmente a região semiárida apresenta como principal característica o aumento de temperatura e mudanças no regime pluviométrico que podem se tornar regiões áridas, alterando não só climaticamente a região, mas a fitogeografia, nas práticas econômicas e sociais.Diversos órgãos ligados à meteorologia no Brasil utilizam métodos diversos para quantificar os efeitos climáticos, dentre eles, a simulação do clima passado, presente e futuro quantificado através de códigos computacionais que representam equações matemáticas que regem os movimentos atmosféricos e as interações com a superfície. Para realização deste trabalho foram utilizados dados de precipitação pluviométrica diária de 01 de janeiro de 1961 a 31 de dezembro de 2017 de 36 estações pluviométricas na bacia do rio Mundaú obtidos na Agência Pernambucana de Águas e Clima, dados de desastres (secas, estiagens, inundações, alagamentos, óbitos, entre outros) do Ministério da Integração Nacional, cenários climáticos para os anos 2025 e 2055 no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, e dados socioambientais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O modelo regional Eta foi utilizado para mapear os índices de risco a desastres e de vulnerabilidade da população. Os cenários climáticos para os anos de 2025 e 2055 da precipitação também indicaram diminuição dos totais anuais. Os maiores registos dos impactos dos eventos extremos são as estiagens, enxurradas, secas, inundações e alagamentos, sendo que os eventos de secas estão concentrados na região semiárida e os de chuva próximos ao litoral da bacia. Com relação ao mapeamento dos índices de risco a desastres e de vulnerabilidade, as regiões sul/sudeste e extremo norte/noroeste apresentam risco a desastres moderado a muito alto em relação aos eventos extremos, bem como vulnerabilidade alta a muito alta nessas regiões e em algumas localidades da área central da bacia, evidenciando que os eventos extremos de precipitação (chuvas intensas e secas) tem relação direta com a vulnerabilidade das populações da bacia, afetando as condições socioeconômicas e ambientais, e consequentemente a qualidade de vida na região.