Resumen
O artigo tem o objetivo de analisar a democratização do orçamento público pelo enfoque da legalidade, da legitimidade e da economicidade, investigando a qualidade da democracia no processo decisório de alocação dos recursos escassos. Baseada no método dedutivo, a pesquisa bibliográfica voltou-se para duas questões centrais na atualidade: de um lado, as transformações do Estado como resultado de sua abertura às pressões da Sociedade e do Mercado; de outro, as alterações do regime democrático por conta da capacidade de o cidadão influir ativamente na gestão pública. Diante dessas mudanças, o orçamento se transforma numa ferramenta de poder que tem a capacidade de interferir na realidade, reforçando sua compreensão como ?arena de poder? onde as forças políticas, econômicas e sociais atuam na disputa pelos recursos escassos. Enquanto o mercado instiga a eficiência através do orçamento-programa e do orçamento-desempenho, a sociedade estimula a democracia deliberativa por meio do orçamento-participativo. Ademais, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário também interferem na elaboração e na execução do orçamento através das emendas parlamentares e da judicialização das políticas públicas. Ao conciliar essas pressões endógenas e exógenas, a racionalidade tridimensional submete o orçamento público aos testes de conformidade legal, de economicidade e de legitimidade, indicando o grau de qualidade da democracia no planejamento orçamentário em termos de accountability e responsiveness. Depois de realizar esses três testes, o artigo aponta para a inobservância da racionalidade tridimensional, considerando a desvinculação das receitas públicas, a definição genérica dos programas orçamentários e a falta de impositividade do orçamento participativo.