Resumen
Refletindo tendências mundiais que propõem o reúso dos recursos naturais e materiais como premissa fundamental para garantia da qualidade de vida nas cidades contemporâneas, a demanda pela restauração de edifícios antigos e modernos tem crescido substancialmente nos últimos anos também no Brasil. O que significa, entretanto, projetar para o patrimônio histórico construído? Neste artigo, propõem-se reflexões sobre alguns aspectos de práticas nacionais de restauração de edifícios de interesse histórico e cultural e avaliam-se questões pertinentes à gestão do projeto e da obra de recuperação do Palácio da Agricultura, projetado por Oscar Niemeyer, em São Paulo, na década de 1950. Integrante do conjunto monumental do Parque do Ibirapuera, o edifício é protegido por órgãos de preservação. A obra, recentemente finalizada, possibilitou importantes avaliações sobre as categorias de impasses operacionais mais frequentes entre os diversos agentes envolvidos - arquitetos, órgãos de preservação, Estado, empresas executoras e de gerenciamento -, que, para além das diferenças de formação profissional, costumam decorrer da ausência de definições centrais quanto à natureza e ao alcance da intervenção. Não se pretende esgotar o assunto, mas refletir sobre a reversão dos hiatos detectáveis entre a aplicação dos conceitos fundamentais da restauração arquitetônica e o gerenciamento operacional de obras civis em edificações às quais foram atribuídos oficialmente destacados valores históricos e culturais. Espera-se contribuir para um melhor alinhamento entre os diversos agentes envolvidos nesse tipo de intervenção, para que suas colaborações se tornem mais fluidas em prol da qualidade dos projetos de preservação do patrimônio arquitetônico e cultural brasileiro.PALAVRAS-CHAVE: Autenticidade. Palácio da Agricultura de São Paulo. Patrimônio histórico. Projeto de restauração.