Resumen
Este artigo tem por objetivo analisar as evidências da pobreza nordestina brasileira sob a perspectiva multidimensional, a partir dos microdados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e cálculo do Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) para 2003 e 2012. Os resultados revelaram uma sensível diminuição na pobreza multidimensional do Nordeste, em um processo mais favorável do que o Brasil como um todo. O desenvolvimento das famílias no Nordeste está associado à ausência de vulnerabilidade, desenvolvimento infantil e condições habitacionais e de acesso aos bens de consumo. Destaque positivo também para os indicadores da disponibilidade de recursos: redução da extrema pobreza e da proporção de famílias nordestinas cuja maior parte da renda familiar é originada de transferências. Os problemas detectados estão no acesso ao trabalho, especialmente na remuneração do trabalho e na qualidade do posto do trabalho. O pior resultado foi o acesso ao conhecimento, associado negativamente ao ensino superior, apesar da contribuição do ensino fundamental e médio para a redução das carências das famílias nordestinas, bem como da qualificação profissional dos trabalhadores. O índice de pobreza restrito à renda per capita, unidimensional, cresceu mais do que o apontado pelo índice sintético global, medido nesta pesquisa, o que reforça a escolha da abordagem multidimensional para subsidiar as ações públicas.