Resumen
O início do século XX se caracterizou pela contribuição dos saberes técnicos para a construção da cidade como objeto de conhecimento, reforma e intervenção. Médicos, advogados e engenheiros contribuíram para alterar a escala de atuação de cada área científica sobre o espaço urbano. As contribuições teórico-práticas desses profissionais passaram da escala do edifício para a do bairro e depois alcançaram a dimensão da cidade. Este artigo, de natureza empírico-analítica, baseado em dados primários e na historiografia sobre o tema, tem como objetivo principal analisar o Plano de Melhoramentos Urbanos para Passo Fundo, elaborado em 1919 por Saturnino de Brito, e seu ideário, evidenciado por meio de projetos e relatórios, bem como de bibliografia consolidada acerca da temática. Entre a implantação da malha ferroviária, em 1898, e a elaboração do mencionado plano, Passo Fundo passou por significativas transformações urbanas, tidas como representações de progresso e da modernidade. Todavia, essas ações contrastavam com as condições higiênico-sanitárias de parte significativa da cidade e de suas edificações naquele momento. Problemas relacionados à dificuldade, insuficiência e descontinuidade do abastecimento de água, ao saneamento das águas pluviais, à drenagem de dejetos, à ocorrência de epidemias, entre outros fatores, foram determinantes para a contratação de Saturnino de Brito. Sob a perspectiva sanitarista, o Plano para Passo Fundo tinha como pressuposto regulamentar o crescimento urbano e populacional da cidade, junto ao qual deveriam ser pensadas e executadas ações e obras de saneamento, escoamento das águas, controle do uso e da ocupação do solo e, especialmente, a consolidação do ideário de modernização da cidade almejado pelas elites letradas da época.