Resumen
O processo de colonização no Brasil modificou severamente a cultura, os povos, os costumes, as referências e a forma de se pensar e construir edificações em todo o seu território. Isso porque os imigrantes trouxeram consigo uma bagagem cultural e arquitetônica bastante diferente dos povos que habitavam o país anteriormente à colonização europeia. No estado de Santa Catarina, é fato que a construção da estrada de ferro (São Paulo - Rio Grande) potencializou investimentos, de modo especial, ligados à venda de terras aos colonos e à exploração da matéria-prima em toda a sua extensão. A madeira de araucária e de imbuia foi utilizada em larga escala, e grande parte das edificações e obras arquitetônicas no sul do Brasil foram produzidas com este material, que se tornou parte da cultura arquitetônica catarinense. Em meio a este contexto, o objetivo deste artigo é realizar uma análise arquitetônica da Igreja da Linha Consulta, baseando-se no estudo dos elementos que a constituem, e a relacionando tanto com a construção da estrada de ferro e a Guerra do Contestado, quanto com a construção das edificações em madeira da região. A metodologia utilizada teve abordagem qualitativa, pois apresenta coleta de dados de maneira variada, buscando assim, enfoque no objeto de estudo abrangendo o seu caráter histórico. Os métodos utilizados têm caráter exploratório, pois propiciam maior familiaridade com o problema, envolvendo pesquisas de: levantamento de referenciais teóricos a partir de dados bibliográficos; entrevistas com os moradores de Salto Veloso (SC), onde se situa a igreja e seus construtores; e a análise de estudo de caso. Este estudo relata que a construção da ferrovia, que até hoje se faz presente em meio à paisagem catarinense e carrega a memória de uma triste história de guerra, possibilitou a distribuição de matéria-prima, bem como a vinda da mão-de-obra de colonização europeia para que construções fossem realizadas, dentre elas a Igreja da Linha Consulta. Sem o trem as distâncias seriam o grande inibidor da disseminação de insumos pelo estado.