Resumen
O ácido abscísico (ABA) é conhecido como o hormônio mais influente em desencadear mecanismos de tolerância a estresse em plantas, inclusive à deficiência hídrica. No entanto, o efeito da aplicação exógena como indutora de tolerância pré-estresse é pouco estudado em plantas de interesse agronômico. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do ABA sobre o desencadeamento de mecanismos de tolerância à deficiência hídrica em mudas de seringueira, cultivar RRIM 600. Foram usadas soluções nas concentrações 0, 50, 100 ou 200 µM, aplicadas semanalmente nas folhas durante 12 semanas, seguidas de suspensão da rega por 13 dias. As análises foram realizadas em folhas do segundo nó, da base para o ápice, em cinco plantas por tratamento (sendo o tratamento a concentração de ABA). As plantas tinham mais de seis folhas completamente expandidas e cultivadas em vaso com capacidade de 10 L contendo latossolo vermelho-escuro. Verificou-se sua influência sobre a eficiência quântica potencial do fotossistema II (Fv/Fm), medidas diariamente durante a suspensão da rega, e sobre trocas gasosas medidas nos dias 0, 3, 7 e 10 após a suspensão da rega. Após 120 dias do final do primeiro período de suspensão da rega e após ocorrer abscisão natural e recomposição foliar, as plantas foram novamente submetidas a um segundo período de 13 dias de suspensão da rega para verificar se haveria efeito residual da aplicação do ABA nas novas folhas não tratadas. Foi observado que a aplicação exógena de ABA induziu tolerância à deficiência hídrica, especialmente nas plantas tratadas com 100 e 200 µM e causou efeito residual de tolerância nas novas folhas não tratadas com ABA. Foi observado que a primeira suspensão da rega desencadeou mecanismos de tolerância, os quais foram observados durante o segundo período de suspensão da rega em plantas não tratadas com o hormônio. A aplicação foliar de ABA desencadeia, portanto, mecanismos que permitem maior tolerância à deficiência hídrica à qual a planta venha a ser submetida.