Resumen
Disputas em torno de três grandes projetos de desenvolvimento em curso no litoral sul do Espírito Santo, Brasil, e três comunidades de pescadores artesanais são o tema de pesquisa de que trata este artigo. Baseado em trabalho ainda em andamento, propõe-se o conceito de conflito ambiental para analisar essas disputas e suas decorrências, interpretando-o como categoria híbrida de sociedade e natureza e buscando reforçar sua carga cosmopolítica. A partir dessa perspectiva, sugere-se um quadro analítico que considera a crítica como manifestações enraizadas no contexto social e que se baseiam em sentimentos de justiça/injustiça. Após análise preliminar de informações obtidas em pesquisa de campo, verifica-se que os sentimentos de justiça/injustiça que estão na base da crítica social se constroem a partir da (e na) relação sociedade-natureza, configurando uma diversidade de concepções de justiça que não pode ser reduzida às concepções de justiça como bem comum, ou como uma noção de justiça que se impõe ao conjunto da sociedade como forma capaz de solucionar conflitos. Ao contrário, a copresença problemática de práticas permite sugerir a noção de cosmojustiça para expressar a diversidade irredutível de sentimentos de justiça/injustiça na realidade estudada.