Resumen
O artigo propõe uma inter-relação entre ética ambiental e a reflexão crítica sobre os processos de desenvolvimento, tendo como foco a análise sobre os conflitos entre sistemas de valores que subjazem aos conflitos ambientais que afetam comunidades tradicionais. O mesmo resulta de uma reflexão teórica que se apoia no trabalho realizado no âmbito do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Desenvolvimento e Meio Ambiente (GIPADMA). Nesta análise, destacam-se as implicações dos usos da natureza praticados nos modos de vida tradicionais para a construção de uma ética ecológica que concilie equidade social e expansão da consideração moral para além dos humanos. Argumenta-se que a identificação destas implicações auxiliaria na formulação de estratégias argumentativas que reforcem o reconhecimento dos direitos territoriais destas populações. Ao mesmo tempo, entende-se que esta reflexão pode contribuir para a formulação de concepções de sustentabilidade socioambiental que defendam usos da natureza compatíveis com a sua consideração moral, isto é, usos da natureza não apoiados em perspectivas exclusivamente instrumentais. O artigo reúne elementos da ecologia política, a justiça ambiental e a ética ambiental, articulando-os ao campo da sociologia ambiental e da sociologia do desenvolvimento.