Resumen
As mudanças ambientais e climáticas envolvem evidências frágeis e conflituosas sobre as explanações científicas quanto às consequências globais e locais, a eficiência das medidas adotadas para diminuir a vulnerabilidade e a eficácia das ações mitigadoras e adaptativas. Frente à complexidade e às incertezas científicas relacionadas a estes fenômenos ambientais e os riscos associados a eles ? sentidos, sobretudo, no nível local ?, neste trabalho é defendida a prática de um novo modelo de produção de conhecimento e de tomada de decisão, identificado como governança do risco. A adoção desse modelo parece ser especialmente útil no nível local, já que quanto mais envolvida estiver uma comunidade no processo decisório, maior será a possibilidade de induzir o público geral a agir individualmente/coletivamente para reduzir o risco e de envolvê-lo nas ações de mitigação/adaptação. Na tentativa de contribuir para esse debate, uma pesquisa empírica foi realizada em três cidades costeiras do Litoral Norte Paulista (São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba), onde dois métodos participativos ? grupos focais e workshop interativo ? foram aplicados. Este artigo traz resultados referentes à aplicação desses métodos, buscando contribuir para o debate sobre governança do risco. Discute ainda a possibilidade de uso da ferramenta conhecida como cenário-workshop, cujo objetivo é facilitar a participação ativa dos diferentes stakeholders na discussão sobre o desenvolvimento sustentável das cidades e possíveis soluções técnicas.