Resumen
Áreas ribeirinhas são foco recorrente de restauração ecológica, devido a sua importância para a manutenção de serviços ecossistêmicos. Entretanto, poucos estudos têm de fato avaliado o sucesso de intervenções ativas em restaurar funções ou processos ecossistêmicos. A regeneração natural é um processo sucessional, cuja avaliação pode indicar o estado e o potencial de resiliência do ecossistema em áreas sob restauração. O presente estudo comparou padrões de regeneração natural de uma área de restauração ecológica (com plantio de mudas nativas há 10 anos) com a mata ciliar de referência, em Cachoeirinha, Rio Grande do Sul, Brasil. Para tanto, foi realizado o levantamento das espécies arbóreas e arbustivas presentes no estrato superior (DAP = 5 cm) e inferior (altura > 30 cm e DAP < 5 cm), em 40 parcelas de 100 m² cada, considerando o plantio (restauração) e a mata ciliar remanescente (referência). Cada estrato e tratamento (referência vs. restauração) foi avaliado quanto aos descritores fitossociológicos, padrões de estrutura e composição, riqueza e similaridade entre as comunidades. Os resultados demonstraram que a área de restauração apresenta composição de espécies e estrutura diferenciada com relação à referência, especialmente para o estrato superior. No estrato inferior (regeneração natural), o número de indivíduos, a altura média e a riqueza de espécies já não diferiram da referência. A composição de espécies em regeneração ainda foi distinta, porém, esta foi mais similar entre si do que as demais comparações entre estratos, indicando que espécies não plantadas foram capazes de se estabelecer nas áreas de restauração.