Resumen
Apesar de sua excepcionalidade, fugacidade e intangibilidade, os grandes eventos ganham cada vez mais relevância nas sociedades contemporâneas, apresentando-se muitas vezes como estratégia de promoção e desenvolvimento econômico das cidades e transformando-se em objeto de políticas públicas. Porém, no caso brasileiro, observados pela perspectiva da sustentabilidade, os grandes eventos também se transformam em grandes geradores de resíduos sólidos urbanos, comprometendo sua própria qualidade ambiental e envolvendo o trabalho precário de um grande número de catadores de materiais recicláveis, constituindo-se como um mecanismo perverso de exploração. Assim, entender sua dinâmica e organização torna-se fundamental para a busca de modelos sustentáveis de gestão e gerenciamento desses resíduos, considerando tanto seu aspecto ambiental como social e econômico. A partir de revisão bibliográfica, pesquisa documental, observação participante e documentação fotográfica, o presente trabalho discute o renascimento do Carnaval de rua na cidade de São Paulo, recentemente disciplinado pelo Decreto 56.690 de 7 de dezembro de 2015, sua transformação em grande gerador de resíduos e as lacunas de gestão no serviço de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos da festa, tomando como referência a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Os resultados indicam a necessidade de novas formas de organização da gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos de grandes eventos, por meio da implantação e do fortalecimento do arcabouço legal já constituído, o que envolve ações de educação ambiental, responsabilidade compartilhada e inclusão social de catadores.