Resumen
A comunidade científica tem reforçado a convicção de que as variações climáticas têm se intensificado nas últimas décadas, em decorrência das atividades humanas. O Estado de Santa Catarina, nos anos de 2008 e 2011, foi o palco das maiores inundações já registradas na sua história. No presente trabalho, buscou-se analisar a percepção de diferentes atores sociais de Itajaí em relação às variações climáticas e como esse município vem se adaptando após os eventos de inundações. Esta pesquisa tem caráter quanti e qualitativo, com corte transversal, mediante a aplicação de um questionário semiestruturado aos atores sociais representantes de doze instituições governamentais e doze instituições não governamentais. Foi utilizada a técnica da saturação para definição do tamanho da amostra e o método do Discurso do Sujeito Coletivo para análise dos dados. Foi possível constatar que tanto os entrevistados ligados a instituições governamentais como os de instituições não governamentais consideram que as variações climáticas globais estão atuando no município de Itajaí, pois percebem alterações na temperatura, estações do ano mal definidas, além da presença mais constante de inundações. Os dois grupos destacaram que o município tem realizado investimentos de infraestrutura, como a dragagem do rio e desassoreamento. Contudo, atores de instituições não governamentais relataram que falta atitude do poder público municipal. Constatou-se que danos e perdas materiais em Itajaí ampliam o sentimento de impotência da população, mas contribuem para tornar as pessoas afetadas pelas inundações indivíduos mais resilientes, apesar de socialmente pouco organizados, uma vez que os atos coletivos só se mantêm durante os eventos extremos. Programas ou ações educacionais são extremamente importantes, pois podem minimizar os problemas ambientais, especialmente aqueles associados ao assoreamento do rio e impermeabilização dos solos.