Resumen
O artigo discute a questão das cooperativas de trabalho, uma modalidade de organização do trabalho que ganhou rapidamente terreno no Brasil ao longo da década de 1990. O enfoque adotado procura situar o crescimento dessas cooperativas em face das mudanças contemporâneas em termos de tecnologia e de produção, que se refletiram em crescentes taxas de desemprego e no aprofundamento da precariedade do trabalho para grandes contingentes de trabalhadores afetados por vários tipos de iniciativas de flexibilização e desregulamentação. Coloca-se em destaque uma interessante controvérsia sobre o significado dessa forma de organização: de um lado, o entendimento de que se trata de opção efetiva em face das adversidades atuais; de outro, a visão segundo a qual, no modo como tem ocorrido em boa parte dos casos, o trabalho em cooperativas é exemplo da própria precariedade do trabalho. À luz desse debate, examinam-se onze experiências no segmento de confecções em Santa Catarina, captadas por meio de entrevistas. Duas dessas experiências, observadas na região de Florianópolis, são abordadas de modo mais detalhado.