Resumen
Nos últimos 20 anos, os indicadores de pobreza e desigualdade no Brasil registraram queda robusta, não revertida por conjunturas adversas, variando unicamente a velocidade desses ganhos. As pesquisas empíricas concentraram sua atenção na contabilidade dos parâmetros que teriam possibilitado esses ganhos, sendo assinaladas variáveis que vão desde a transição demográfica, passam pelos programas de transferência condicionada de renda (Bolsa-Família) e chegam até um espaço crucial: o desempenho do mercado de trabalho (formalização, escolaridade, salário mínimo, etc.). Concentrando-nos no mercado de trabalho, neste artigo tentamos alertar sobre a falta de referencial teórico nos exercícios realizados. A falta de referenciais analíticos é evidente na escolha das variáveis, que fazem parte de modelos teóricos concorrentes entre si. A ausência de âncoras conceituais introduz dúvidas sobre as raízes últimas na queda da pobreza e da desigualdade.