Resumen
A vasta classificação utilizada para caracterizar o ?homem pobre? é acompanhada por formas de exortá-lo, idealizá-lo, esconjurá-lo. Para além da associação da pobreza à destituição material, sua forma mais aparente corresponde a uma situação reles e desprezível, engendrada por um universo moral que possui o ardil de uniformizar, tornando pejorativas várias dimensões da vida dos chamados ?pobres?. É assim que enquanto força dinâmica, a pobreza se ergue e circula, ocupando falas, cenários, subjetividades, identificando-se a um amplo conjunto de práticas que operam seus enquadres, nomeações e recriações constantes da subalternidade. Este artigo objetiva desconstruir a impotência dos pobres, ao debater o construto histórico, moral e político que produz e atualiza sua figuração, evidenciando a instância de dominação que lhe é própria. Trata-se de desessencializar a questão da pobreza e dos pobres como maquinação capaz de imputar sofrimento, piedade e resignação