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Crises entretecidas por colapso de barragens: da reconexão de espaços às narrativas hesitantes

Norma Lopes da Silva Valencio    

Resumen

No Brasil, barragens de diferentes portes e finalidades têm rompido com relativa frequência nas últimas décadas. Tais ocorrências deflagram desastres, o que se torna uma razão adicional para problematizar a implantação desses empreendimentos. Tanto as narrativas dos gestores públicos quanto as narrativas midiáticas podem agir como filtros que contribuem para ocultar certos aspectos da crise enquanto há visibilidade de outros. Essa reflexão sociológica aponta aspectos socioespaciais e discursivos sobre esse jogo de mostrar e ocultar a magnitude da crise socioambiental. Ilustrativamente, são abordados três casos de rompimento de barragem ocorridos em regiões distintas do referido país, a saber: o da barragem de Algodões 1, localizada no estado do Piauí, região nordeste, ocorrido no ano de 2009; o da barragem do Fundão, localizada em Minas Gerais, região sudeste, em 2015 e o do conjunto das represas de Paragominas, no estado do Pará, região norte, ocorrido em 2018. Conclui-se que o rompimento de barragens não é apenas uma crise pontual, mas o ápice de uma lógica tecnocrática de subestimação dos riscos na qual a cobertura midiática predispõe-se a replicar a narrativa oficial, resultando em perda de subsídios para uma consciência pública mais crítica sobre o assunto.

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