Resumen
As grandes teorias liberais têm algo em comum: pensar o mercado como uma teoria geral da sociedade e fornecer os atributos científicos que garantam sua supremacia frente a outras formas de organização da sociedade. Esta concepção do mercado como alternativa social aparece originariamente na história das idéias na solução de Adam Smith frente aos filósofos do contrato, assume uma forma lógico-demonstrativa em Walras e nos desdobramentos matemáticos contemporâneos do mainstream da teoria econômica, para se cristalizar nas aventuras darwinistas dos libertários da escola austríaca, em que a história realizaria o auto-desenvolvimento do mercado. O objetivo do artigo é recuperar as matrizes das teorias do mercado tratando criticamente o pensamento ultraliberal do economista Roberto Campos que, ao evocar suas referências hayekianas, as traduz numa defesa apologética do mercado como a única forma possível de organização da sociedade brasileira.