Resumen
Os sanitários separadores de excretas, ainda, são pouco conhecidos e difundidos no Brasil. Apesar da existência de projetos exitosos em países da Europa e América Central, a transferência e sua implantação, ainda, são um desafio. O presente trabalho visa apresentar os resultados de uma pesquisa que teve por objetivo realizar um pré-diagnóstico socioeconômico e ambiental, bem como avaliar a aceitação da implantação de sanitários com separação de excretas, em uma localidade peri-urbana no Estado do Ceará. A pesquisa, realizada na comunidade Vila Tomé em Aquiraz, constituiu-se, basicamente, de três etapas: (1) pré-diagnóstico socioeconômico e ambiental e caracterização da qualidade da água; (2) oficinas participativas de educação sanitária; e (3) aplicação de questionários para avaliar a aceitação dos sanitários separadores. Os resultados indicaram que a água de chuva armazenada nas cisternas de placa pelas famílias da localidade Vila Tomé não está isenta de contaminação microbiológica, necessitando de desinfecção antes do consumo, ou de um melhor manejo do descarte das primeiras águas, o qual deve ser menos dependente do usuário. Os resultados indicaram que as mulheres se mostraram mais receptivas aos sanitários separadores de excretas, enquanto os homens afirmaram preferir sanitários convencionais com água. Apesar de 90% dos entrevistados terem se colocado favoráveis com os conceitos do ecossaneamento, a forte desunião comunitária enfraqueceu o projeto, ocasionando a desistência da grande maioria em participar das reuniões, bem como na aceitação da tecnologia. Assim, pôde-se concluir que a rejeição de novas tecnologias pelos moradores da localidade Vila Tomé deveu-se, provavelmente, à ausência de uma equipe multidisciplinar com capacidade de identificar e considerar como parte essencial no projeto as características socioculturais da referida localidade.